O Futuro é inclusivo: Conhece o European Accessibility Act

31/3/2025

É hora de deixar de tratar a acessibilidade como algo "nice to have" e começar a vê-la como um MUST-HAVE.

A partir de 28 de junho de 2025, o European Accessibility Act (EAA), uma nova diretiva imposta pela União Europeia, irá exigir que uma ampla gama de plataformas e serviços digitais — como websites, apps, lojas de e-commerce, campanhas de email e comunicações — sejam acessíveis a todos os utilizadores, incluindo pessoas com deficiências específicas.

O que significa isto? Resumidamente, se opera na UE, esta legislação vai muito para além da simples conformidade. O EAA será um requisito legal para todas as empresas abrangidas, e não cumprir pode trazer consequências. Para além disso, seguir estas normas pode ter um impacto positivo no teu negócio, permitindo alcançar uma audiência maior e demonstrando responsabilidade ética.

Junte-se a nós para explorar esta nova diretiva e perceber como pode impactar o seu negócio.

O que é o European Accessibility Act?

O EAA é uma diretiva da UE que harmoniza as regras de acessibilidade nos Estados-Membros, melhorando o acesso digital para pessoas com deficiências e cidadãos mais velhos.

De acordo com a European Commission, tanto empresas como utilizadores vão beneficiar desta diretiva:

Para empresas:

A Lei Europeia da Acessibilidade irá introduzir regras comuns em toda a UE, ajudando a reduzir os custos para as empresas ao eliminar a necessidade de cumprir diferentes leis nacionais de acessibilidade. Esta harmonização vai simplificar os esforços de conformidade e garantir consistência em todos os países da UE. Além disso, a EAA facilitará o comércio transfronteiriço, permitindo que as empresas expandam o seu alcance sem enfrentar requisitos legais distintos. Ao dar prioridade à acessibilidade, as empresas terão acesso a um mercado maior de soluções acessíveis, podendo alcançar um público mais diversificado, melhorar a reputação da marca e impulsionar a inovação na inclusão digital.

Para utilizadores:

Para os utilizadores, a EAA trará benefícios significativos ao garantir um melhor acesso a serviços essenciais, como banca, e-commerce e plataformas de comunicação. Com requisitos de acessibilidade padronizados, pessoas com deficiência poderão interagir com produtos digitais de forma mais fácil, resultando em experiências digitais mais inclusivas e intuitivas. A legislação também promove a concorrência, o que pode levar a preços mais baixos e a uma maior variedade de serviços, beneficiando todos os consumidores. Além disso, à medida que a acessibilidade se torna uma prioridade, aumentará a procura por profissionais especializados em acessibilidade e UX design, criando novas oportunidades de emprego e contribuindo para uma força de trabalho digital mais inclusiva.


Quem será afetado?

O EAA impacta um vasto leque de setores e organizações. Entidades públicas devem garantir serviços acessíveis a todos os cidadãos. Empresas que oferecem produtos ou serviços digitais na UE, mesmo que sediadas fora da Europa, também devem cumprir estas normas.

Setores como banca, telecomunicações, e-commerce e transportes serão particularmente afetados, pois os seus serviços são essenciais no dia a dia. Se o seu negócio opera online na UE, estas regras aplicam-se a si, tornando a acessibilidade um aspeto essencial da sua estratégia digital.

O que muda em 2025?

A partir de 28 de junho de 2025, todos os websites, apps e plataformas digitais deverão cumprir o EAA. Mas quais serão as consequências de não cumprir?

O não cumprimento poderá resultar em queixas, auditorias ou multas, dependendo da forma como cada país fizer cumprir a lei. Em alguns casos, as multas podem chegar aos 12.000€.

Mais do que isso, a credibilidade e confiança da sua marca estão em risco, o que pode afetar as vendas e a estabilidade do negócio.


Acessibilidade & UX: Porque é que importa?

A acessibilidade não se limita a deficiências visuais. Inclui também limitações motoras, auditivas, cognitivas e situacionais.

Num recente #FLAGtalks, João de Brito (Head of Design na DSwiss AG) destacou como seguir as leis de acessibilidade pode criar experiências mais intuitivas para uma audiência global de mais de 1,3 milhões de pessoas, resultando em maior lealdade à marca e uma reputação melhorada. Afinal, “A acessibilidade é um direito humano. Quem somos nós para negá-lo?”

O que significa uma boa acessibilidade?

Tornar as suas plataformas digitais acessíveis não é uma tarefa única, mas um compromisso contínuo com a inclusão.

Aqui estão algumas práticas essenciais para garantir um nível mínimo de conformidade com o WCAG 2.2 AA level :

  • Use HTML Semântico: Estruture o seu site com os elementos HTML adequados (como <header>, <nav>, <section> e <button>) para que tecnologias assistivas, como leitores de ecrã, possam interpretar corretamente o conteúdo.
  • Adicione texto alternativo às imagens: O texto alternativo (alt text) fornece descrições das imagens, ajudando utilizadores com deficiência visual a compreender o conteúdo através de leitores de ecrã.
  • Garanta um contraste de cores adequado: O texto deve ter contraste suficiente em relação ao fundo para ser facilmente legível, especialmente para utilizadores com visão reduzida ou daltonismo. Ferramentas como o WebAIM Contrast Checker podem ajudar a testar isto.
  • Ative a navegação por teclado: Nem toda a gente consegue usar um rato ou um ecrã tátil. Certifique-se de que os utilizadores podem navegar no seu site apenas com o teclado, implementando uma ordem lógica de tabulação e indicadores de foco.
  • Use tamanhos de fonte ajustáveis: O texto deve poder ser redimensionado sem perder clareza ou comprometer o layout, permitindo que os utilizadores o ajustem conforme as suas necessidades.
  • Não dependa apenas da cor: Informações importantes (como mensagens de erro ou campos obrigatórios) não devem ser transmitidas apenas por cor. Use rótulos de texto, ícones ou padrões para garantir clareza.

Espere, mas o que é exatamente o WCAG?

O WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) é o padrão internacionalmente reconhecido para acessibilidade digital, oferecendo um conjunto de diretrizes para garantir que websites e produtos digitais sejam funcionais para pessoas com deficiência.

Existem três níveis de conformidade com o WCAG:

  • Nível A (acessibilidade básica): O nível mínimo, que resolve as barreiras mais significativas que impedem o acesso.
  • Nível AA (acessibilidade melhorada): O nível recomendado para a maioria das organizações, cobrindo aspetos essenciais como contraste adequado, navegação por teclado e compatibilidade com leitores de ecrã.
  • Nível AAA (acessibilidade máxima): O nível mais avançado, mas difícil de alcançar para todo o tipo de conteúdos.

Para a maioria das empresas, o WCAG 2.2 Nível AA é o padrão a atingir, pois garante que a acessibilidade não é apenas tecnicamente compatível, mas verdadeiramente fácil de usar.

Seguindo as diretrizes mencionadas na secção anterior, é possível criar uma experiência utilizável para todos, melhorando o alcance da sua marca, a reputação e a conformidade legal, alcançando, assim, o WCAG 2.2 Nível AA.

Por onde começar?

Garantir a acessibilidade digital pode parecer um desafio, mas adotar uma abordagem estruturada pode tornar o processo mais fácil de gerir.

  • Audite as suas plataformas digitais: O primeiro passo é auditar as suas plataformas digitais para identificar barreiras de acessibilidade existentes. Ferramentas como Stark, Wave, Axe, NVDA, Gov.pt, e Eye-Able podem ajudar a detetar problemas relacionados com contraste, navegação, compatibilidade com leitores de ecrã e outros fatores-chave de acessibilidade.
  • Corrija o essencial: Depois de identificar as áreas problemáticas, comece por corrigir o essencial. Foque-se em elementos críticos como adicionar etiquetas adequadas a formulários, melhore o contraste de cores para facilitar a leitura e garanta uma navegação fluída através do teclado. Resolver estes aspetos fundamentais pode ter um impacto imediato na usabilidade e conformidade.
  • Torne-a parte do processo: Depois, integre a acessibilidade como uma parte essencial do seu fluxo de trabalho, incorporando-a em sprints e ciclos de desenvolvimento. Em vez de tratar a acessibilidade como algo secundário, inclua-a em todas as etapas do design e desenvolvimento do produto.
  • Envolva a sua equipa: Envolver toda a equipa é crucial. A acessibilidade não é apenas responsabilidade dos programadores; exige colaboração entre design, conteúdo e equipas de experiência do utilizador (UX). Educar e alinhar todos com as boas práticas garantirá o sucesso a longo prazo.
  • Teste com utilizadores reais: Por fim, teste com utilizadores reais. As ferramentas automáticas são úteis, mas o feedback dos utilizadores é inestimável para identificar desafios reais que podem não ser logo evidentes. Envolver pessoas com deficiências nos testes de usabilidade trará insights valiosos e ajudará a melhorar a experiência geral.

Ao seguir este plano de ação, empresas como a sua podem criar produtos digitais que não só cumprem a legislação de acessibilidade, como também são mais inclusivos e fáceis de usar para todos.

A acessibilidade já não é opcional.

Cumprir com o EAA (European Accessibility Act) não se resume ao risco legal — trata-se de construir um mundo digital que funcione para todos, proporcionando experiências marcantes e memoráveis.

Não espere até junho de 2025 para agir, o momento é agora! Alinhe a sua equipa e comece já a dar os primeiros passos para um futuro mais acessível.

Precisa de ajuda? Entre em contacto com a equipa da JMR Digital para mais informações e dicas sobre como implementar o EAA em todo o seu ecossistema digital.

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