Ah, a Black Friday, o dia em que pessoas normalmente racionais se transformam em caçadores de promoções, obcecados por descontos e privados de sono! Este curioso “feriado” é, sem dúvida, um dos melhores dias do ano para alguns, mesmo que gire principalmente em torno do nosso instinto primitivo de poupar uns trocos aqui e ali.
Apesar de ser um dos dias mais aguardados do ano, tecnicamente, ninguém sabe ao certo a verdadeira origem do nome Black Friday. Alguns dizem que o termo remonta à década de 1960 e foi implementado por agentes da polícia de Filadélfia, impressionados pelos caóticos engarrafamentos e multidões descontroladas que invadiam as lojas no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças (o dia em que supostamente deveríamos agradecer pelo que já temos).
Outros afirmam que este glorioso dia é mais antigo do que a própria América, mas não conseguem apresentar uma história convincente para fundamentar a sua afirmação.
Há apenas uma coisa de que temos certeza: a Black Friday evoluiu para um fenómeno do retalho que hoje é tanto sobre promoções online e campanhas digitais, quanto sobre o caos apocalíptico nas lojas físicas.
A Black Friday é o desporto não oficial do mundo. Para se prepararem para este evento, as pessoas abdicavam voluntariamente do seu sono de beleza para terem a oportunidade de adquirir produtos com desconto, chegando ao ponto de acampar em frente às lojas escolhidas.
No entanto, graças às maravilhas da era digital e das compras online, estas Olimpíadas da Privação de Sono evoluíram para um evento que pode ser desfrutado no conforto do ecrã do de um computador, enquanto saboreia uma fatia da sua tarte preferida do Dia de Ação de Graças. Basicamente, a Black Friday na era digital permite-lhe redefinir o conceito de "compre até cair" a partir de qualquer local com acesso a Wi-Fi.
Em vez de concentrarem todas as suas forças num único dia, as marcas da era digital (movidas pelo consumismo) transformaram a Black Friday numa verdadeira Black Week (ou mês). Isto significa, basicamente, que os descontos são programados e distribuídos ao longo de toda a semana (ou mês), mantendo os consumidores atentos – e colados ao teclado – à espera da próxima oportunidade imperdível.
Alguns dirão que este período prolongado serve para garantir que não perca a oportunidade de comprar a frigideira dos seus sonhos, enquanto outros (os céticos) insistem que esta é apenas uma estratégia para o fazer gastar ainda mais dinheiro. No entanto, não há como negar que, ao prolongarem o período de promoções – muitas vezes com descontos nem tão bons assim – as marcas acabam por intensificar o seu potencial de vendas e aumentar significativamente as suas receitas. Tudo graças a uma estratégia de marketing brilhante, já que as pessoas têm muito mais probabilidade de clicar no botão de compra quando veem a etiqueta “disponível por tempo limitado”.
Provavelmente deveríamos ter mencionado a Cyber Monday primeiro, já que foi originalmente criada como uma resposta online à Black Friday (na sua versão original em lojas físicas), mas mais vale tarde do que nunca, certo? E embora o seu objetivo principal fosse dar às empresas online uma oportunidade de organizar as suas próprias vendas enquanto moviam os engarrafamentos das ruas para o ciberespaço, a Cyber Monday rapidamente se tornou apenas mais uma extensão da Black Friday e mais uma desculpa para o fazer gastar os seus preciosos euros em compras supérfluas e ofertas duvidosas (mas falaremos mais sobre isso na próxima semana).
No final de contas, enquanto se prepara para embarcar na sua aventura de compras online na Black Friday, lembre-se de ser grato por já não precisar de acampar em frente às suas lojas favoritas. Desfrute da emoção da sua experiência de compras ilimitada e online, e pense no que ainda está por vir no mundo em constante (e assustadora) evolução da Black Friday.